segunda-feira, 4 de maio de 2009

Ensaio Sobre a Cegueira

A palavra de ordem para 2009, devido à minha escolha para o TCC, é ADAPTAÇÃO (estou trabalhando em uma adaptação para o cinema de uma obra literária).
Analisando alguns *muitos* filmes, lendo alguns *muitos* livros...
Então colo aqui o que escrevi para Ensaio Sobre a Cegueira:

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA

Livro de José Saramago
Adaptação para o cinema de Fernando Meirelles

Ensaio Sobre a Cegueira, o livro, já era por si só um sucesso de vendas e também uma obra prestigiada internacionalmente, muito bem aceita pelo público e pelos críticos da literatura. Após o lançamento do filme, adaptado para os cinemas por Fernando Meirelles, assim como as vendagens e a popularidade do livro aumentaram muito, o mesmo ocorreu com as críticas (que não foram poucas).
Ignorando a velha discussão inacabável “faltou essa parte do livro” ou “incrível, é exatamente o livro”, darei destaque às críticas mais fundadas e menos pseudo-clichês (pseudo-clichês = aquelas que por mais que tentem, não conseguem nem ser clichês...).
Um dos pontos comuns a todas as críticas é a afirmação que o filme conseguiu levar ao cinema a trama do livro, as ações, porém não transmite o que pode ser considerado a essência do livro: as sensações, o sentimento de espera, a simbologia, os desvios... o que está escrito por trás das palavras. Isso não existe no roteiro, na narrativa em si, e também não está presente na imagem. Meirelles conseguiu filmar o livro, mas não captou a essência dele (ou, se captou, não transformou em imagens). Isso poderia ser feito através de um destaque maior para o “antes”, não fazendo do filme um acontecimento a partir da cegueira, e sim um filme imerso nessa experiência. Talvez um maior destaque para os detalhes, um foco maior para determinados personagens, uma preocupação maior com o “individual” e não com o “todo”, uma montagem menos frenética-ativa e mais contemplativa-passiva, contribuíssem para que as sensações transmitidas nas entrelinhas do livro pudessem ser transmitidas também entre os frames do filme.
Não acredito que esse fato tenha sido um erro de Meirelles, e sim uma escolha, dentro de seu estilo de direção. Talvez a opção de um filme mais passivo não fosse adequada para o público-alvo, pois não podemos esquecer que estamos dentro de uma indústria, principalmente quando falamos de uma megaprodução entre três países diferentes, com nomes internacionalmente prestigiados no elenco. E talvez essa escolha de Meirelles tenha sido a mais apropriada para agradar a todos: o que se lê em todas as críticas é que Blindness é no máximo, um filme maravilhoso, e no mínimo, um filme razoável.


talvez eu coloque a próxima. ou não. ou sim. ou não...

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